Por que os bebês lutam contra o sono?
Os saltos do desenvolvimento – sentar, andar, falar – também prejudicam o sono (Foto: CrayonStock)
Isso mesmo, resolvemos investigar a pergunta de nove entre dez pais nas famílias com crianças pequenas. Infelizmente, não há uma resposta única e fácil. São vários os fatores que podem estar interferindo no sono dos seus filhos. A seguir, vamos ajudá-la a descobrir qual o vilão das suas noites tranquilas.
Falta de rotina
Esse é o problema mais comum. As consultoras de sono e os pediatras são unânimes ao afirmar: crianças precisam de hora para dormir, sete dias por semana. Segundo o pediatra Gustavo Moreira, do Instituto do Sono da Unifesp, o ideal é que já estejam na cama entre 19h e 21h e que a noite de sono dure ao menos 10 horas (o período varia conforme a idade). Mas o processo de colocar para dormir começa antes, ensina a consultora de sono Michele Melão. “Já é preciso reduzir o ritmo e os estímulos às 18 horas, que é quando os hormônios do sono começam a ser liberados. Esse momento deve ser o começo do ritual do sono, que precisa durar ao menos 40 minutos para que a criança entenda que está chegando a hora de dormir.”
Essa rotina precisa ser rígida? “Um pouco de flexibilidade é necessária para não engessar a vida familiar. Mas os horários ajudam, sim, a ensinar a criança a dormir”, afirma o pediatra homeopata José Armando Simões Macedo. Gustavo completa ainda que é mais fácil a família se adaptar aos horários do bebê do que o contrário, já que “a criança não tolera a falta de horários, pois não tem essa adaptabilidade”.
Quero a mamãe
“Quando o bebê começa a estabelecer um contato mais visual com o mundo, o que acontece já por volta dos 3 meses, ele acha que está se distanciando da mãe ao fechar os olhos. Ele não a enxerga, portanto, é como se ela não estivesse ali. Esse é o começo das dificuldades para dormir”, conta o pediatra Macedo. O problema se estende conforme as crianças crescem. “O período noturno é quando os pais podem estar com a criança, muitas vezes. Então, elas ‘sequestram’ a noite dos adultos pedindo sempre mais uma história, um copo de água, um carinho, para assim ter mais tempo junto com eles”, acredita a consultora de sono Denise Gurgel.
Saltos de desenvolvimento
As crianças passam por vários momentos-chave em que adquirem novas habilidades, como rolar, sentar, andar, falar… Durante esses saltos de desenvolvimento, treinar a nova descoberta é mais interessante do que dormir, daí a dificuldade de adormecer e permanecer dormindo. A boa notícia é que a fase costuma passar sozinha. “Deixe a criança praticar (a nova habilidade) exaustivamente, durante o dia, para que sinta menos vontade de continuar praticando à noite”, aconselha a consultora do sono Michele.
Soneca demais ou de menos
Recém-nascidos precisam dormir certa de 16 horas por dia. Bebês entre 14 e 18 meses podem fazer apenas uma soneca durante o dia, e o ideal é que essa não dure mais do que duas horas. Enquanto o excesso de sonecas faz com eles não tenham sono na hora certa, a falta delas tende a deixá-los agitados e com mais dificuldades para adormecer. “Tem uma explicação hormonal para isso: sobe muito o nível de cortisol e adrenalina, gerando estresse, e cai a liberação do hormônio do sono”, explica a consultora de sono Denise. “Pesquise o tempo certo de sono para o seu filho. Muitas vezes o ajuste a fazer é pequeno. Mas faz uma grande diferença”, conta Michele.
Associações com o sono
Bebê que só dorme mamando, com chupeta, segurando a mão da mãe, sendo ninado… “Sempre que o ritual de adormecimento da criança tiver ligado a algo que ela não pode controlar, a noite de sono poderá ser interrompida. Isso simplesmente porque ela, ao acordar no meio da noite, o que é normal, não consegue voltar a dormir sozinha”, explica José Armando. Por isso, na medida do possível, vale a pena repensar e adaptar tais associações na sua casa, já que o ideal é o que bebê seja colocado no berço sonolento, porém ainda semidesperto.
Horários da família
“As crianças têm tido mais problemas para dormir porque a nossa sociedade não valoriza mais o sono, que é tão importante. Veja, as mães chegam em casa às 19h ou 20h e até conseguir dar banho e jantar para todo mundo, já passamos das 21 horas. Estão todos ainda acelerados. As luzes estão acesas e isso inibe a liberação da melatonina, substância importante para o sono. Ninguém mais dorme antes das 22 horas, mas aí já passou da hora para a criança”, explica Gustavo. Esse talvez seja o fator mais complicado de mudar, no entanto, fica o alerta.