Sinais de câncer infantil
Patrícia Tosta Hernandez, pediatra do Fleury Medicina e Saúde
Pais, mães e responsáveis estão sempre alertas a quaisquer sinais de que a saúde dos filhos não está muito bem, como coriza, elevação da temperatura corporal, dor abdominal etc. Afinal, doenças respiratórias e febre são muito comuns na infância. Infelizmente, não são apenas as infecções virais do dia a dia que colocam familiares em estado de atenção. Em alguns casos, dor de cabeça, vômitos, alterações visuais, perda de peso e de apetite podem sinalizar doenças mais graves, como o câncer infantil.
As neoplasias ocorrem quando o controle de crescimento celular deixa de existir e há proliferação rápida e anormal das células que se infiltram pelos tecidos. Ao longo dos anos, com a diminuição da propagação das doenças infectocontagiosas e da mortalidade por causas evitáveis na infância por meio da melhoria das condições gerais de vida, serviços de saúde e de políticas voltadas à saúde infantil, o câncer passou a representar a primeira causa de óbito por doença, na faixa etária entre 1 a 19 anos de idade. E, ainda que considerado raro, se comparado à prevalência em adultos, a estimativa é que em 2020 ocorram 8.460 novos casos de câncer infanto-juvenil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Há dois momentos de maior incidência do câncer infantil: entre 4 e 5 anos e entre 16 e 18 anos. Nas crianças e adolescentes, os tipos de câncer mais comuns são as leucemias, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas. Algumas síndromes genéticas e malformações congênitas também podem estar associadas a neoplasias na infância e, portanto, é preciso ficar atento a crianças com alguma dessas condições.
Dependendo da faixa etária, há predominância de alguns tipos de câncer:
– Leucemia Aguda: o tipo mais comum de câncer infantil, representando aproximadamente 30% dos casos de câncer na pediatria;
– Tumores do Sistema Nervoso Central: a segunda neoplasia maligna mais frequente nas crianças, correspondendo a 20% das neoplasias em menores de 15 anos de idade;
– Linfomas: caracterizam a terceira causa de câncer na infância (Linfoma de Hodgkin e Linfomas Não-Hodgkin), atingindo em torno de 15% dos casos pediátricos;
– Retinoblastoma: o tumor intraocular mais frequente em crianças, acometendo cerca de 1 em cada 20.000 nascidos vivos.
Como identificar
O diagnóstico começa com a história clínica relacionada à queixa principal e com o exame físico. A história da família e de doenças genéticas também auxiliam no raciocínio do diagnóstico. Após isso, verifica-se a extensão clínica da doença (estadiamento) para começar o tratamento. É fundamental que o tratamento seja realizado por equipe multiprofissional, em centro oncológico pediátrico, devido à complexidade da situação. Os principais sinais e sintomas são:
– Aumento de gânglios;
– Aumento ou surgimento de massa abdominal;
– Dor óssea ou fratura patológica;
– Perda de peso, perda de apetite, febre, irritabilidade, cansaço;
– Sangramento, manchas roxas, anemias;
– Dor de cabeça, vômitos, alterações visuais.
Nos últimos anos, em nosso país, houve importante taxa de sobrevida e cura das crianças e adolescentes com câncer, devido à melhoria dos cuidados nos centros oncológicos. É muito importante enfatizar que o conceito de cura não engloba apenas a recuperação da doença em si, mas também o bem-estar e qualidade de vida dos pequenos pacientes e de seus familiares.