Por que os pais têm dificuldade em perceber que os filhos estão acima do peso?
No combate à obesidade infantil, proibir certos alimentos não adianta (Foto: CrayonStock)
Você já se perguntou alguma vez se o seu filho não está fofinho demais? Provavelmente não… E saiba que boa parte dos pais também nunca se questionou sobre isso. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Gothenburg (Suécia), por exemplo, um em cada dois pais de crianças com sobrepeso acha que o filho está com o peso ideal para a altura e idade dele. Isso já foi comprovado em pesquisas anteriores, até mesmo por aqui. Acontece que tal interpretação equivocada dos pais é o principal impeditivo para o tratamento da obesidade infantil – o que também já foi demonstrado em estudos recentes. O que estaria por trás disso?
Acontece que, culturalmente, nossa sociedade valoriza as crianças fofinhas. Até porque a desnutrição infantil era um problema social até alguns anos atrás. Nossas mães e avós levavam os filhos ao pediatra para, basicamente, checar o ganho de peso. No entanto, passamos por uma transição nutricional relevante, saindo da desnutrição para a obesidade. Atualmente, segundo dados do IBGE, temos mais da metade da população adulta com excesso de peso, sendo que os índices atingem todas as classes sociais.
O que muitos pais não entendem é que a obesidade infantil é uma doença e necessita de tratamento especializado como outra qualquer. No entanto, como não acarreta prejuízos e sintomas imediatos visíveis, como tosse, dor de ouvido ou incapacidade para estudar, não há tanta atenção assim. Mas fica o alerta: quanto mais cedo o problema for revertido, melhor. Isso porque as células que armazenam gordura, chamadas adipócitos, podem aumentar em número e tamanho nessa fase da vida se o ambiente for propício.
Se você está em dúvida se o seu filho está acima do peso, o pediatra ou um nutricionista podem realizar o diagnóstico com precisão. No caso das crianças, o IMC é calculado de acordo com a idade e o sexo, além da altura. O profissional não vai indicar uma dieta restritiva, com proibições, e sim orientar a família para que todos passem por uma reeducação alimentar juntos e adotem um estilo de vida mais saudável.
Na prática, isso significa:
– rever a alimentação da casa. São os pais que compram e muitas vezes preparam os alimentos, certos? Então precisam estar conscientes sobre suas escolhas;
– combater o sedentarismo, que é mais comum do que imaginamos. As crianças passam cada vez mais tempo sentadas e deitadas. Por isso, é preciso incentivar atividades e passeios que estimulem o movimento;
– proibir não adianta e, ainda por cima, piora a relação com a comida. Em vez disso, converse e dê o exemplo!
– buscar ajuda de um profissional especializado em alimentação infantil, especialmente se já houver histórico de sobrepeso e obesidade na família.