O que fazer com a fimose?
Quase 100% dos meninos nascem com o que os médicos chamam de fimose fisiológica, isto é, com o prepúcio (pele que recobre a glande do pênis) “grudado”. “Mas a tendência é que a pele laceie e se desprenda naturalmente nos primeiros anos de vida”, diz Uenis Tannuri, chefe do Serviço de Cirurgia Pediátrica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo. A fimose verdadeira ocorre quando o prepúcio tem uma abertura muito estreita a ponto de impedir a exposição da glande. O que fazer nesse caso, então?
A princípio, o pediatra vai observar, nas consultas de rotina, se a pele está se descolando sozinha. Ele também irá orientar a família sobre a higiene da genitália: a pele deve ser levemente puxada para trás durante o banho. Depois, é só lavar com água e sabão a parte que já estiver exposta. Aos poucos, o próprio menino deve ser ensinado a fazer o movimento sozinho na hora de limpar o pênis. Mas não se deve forçar, pois há o risco de machucar o prepúcio e provocar uma fimose real. Em algumas situações, o médico pode indicar também uma pomada com corticoide para facilitar o processo. “Só que o problema pode voltar depois que o menino deixar de usar a pomada. Então, em 20% dos casos, a saída é uma correção cirúrgica”, explica Tannuri.
Se realmente for o caso de fazer uma cirurgia, que é chamada de postectomia, o especialista alega que quanto antes, melhor. Vale a pena esperar o menino deixar a fralda, já que o atrito com a mesma pode causar traumas (fissuras) na região no pós-operatório. Além da recuperação ser mais simples em crianças menores, a retirada do prepúcio em caso de fimose vai evitar problemas como infecções urinárias. O procedimento é simples e realizado com anestesia geral. O paciente está liberado para ir para casa no mesmo dia e retomar as atividades cotidianas em uma semana. Analgésicos são indicados se ele sentir dor na região. Já quando o motivo é religioso, o ritual é denominado circuncisão e pode ser feito em uma cerimônia religiosa ou também em ambiente hospitalar.
Mas se você tem amigos com filhos homens nos Estados Unidos, já deve ter ouvido falar que por lá o procedimento é comum mesmo quando está tudo bem com o prepúcio. Trata-se de um hábito cultural, que divide especialistas. Acredita-se que a retirada da pele facilite a higiene do pênis e, portanto, diminua os riscos de infecções locais (até mesmo do HIV, como mostram alguns estudos). Mas pode também diminuir a sensibilidade, afetando a vida sexual no futuro. Por isso, a decisão fica a critério da família.