Mudanças na vacinação: como fica o calendário das clínicas privadas?
Entre as alterações do calendário do MS está a redução das doses da vacina HPV (foto: Freeimages)
O Ministério da Saúde (MS) anunciou, essa semana, alterações no Calendário Nacional de Vacinação de 2016. Estão sendo alteradas doses de reforço para vacinas infantis contra meningite e pneumonia, além do esquema vacinal da poliomielite e o número de doses da vacina de HPV. E o calendário da rede particular como fica a partir de agora? Não muda nada por enquanto, de acordo com o pediatra e infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim). “As mudanças não devem gerar confusão, já que o calendário adotado nas clínicas particulares está em sintonia com o do Ministério da Saúde. Além disso, muitas dessas adaptações já são preconizadas pela Sbim”, afirma. É o caso do uso da vacina inativada poliomielite (VIP) de forma injetável, em vez de via oral, desde a primeira dose.
No entanto, segundo o especialista, as associações médicas devem avaliar futuramente a redução do número de doses da vacina HPV e da pneumocócica – que no calendário atual do MS passarão de 3 para 2 doses e de 4 para 3 doses, respectivamente. “Tais mudanças foram feitas levando em conta evidências científicas do ponto de vista da saúde pública. E devem ser discutidas por nós para uma possível atualização do calendário, mas sobre a perspectiva individual”, completa.
O que mudou no calendário da rede pública
Para os bebês, a principal diferença será a redução de uma dose na vacina pneumocócica 10 valente para pneumonia, que a partir de agora será aplicada em duas doses, aos 2 e 4 meses, seguida de reforço preferencialmente aos 12 meses, mas poderá ser tomado até os 4 anos. Antes, ela era aplicada em três doses. Essa recomendação foi tomada em virtude de estudos mostrarem que o esquema de duas doses mais um reforço tem a mesma efetividade do esquema três doses mais um reforço.
Além disso, a terceira dose da vacina contra poliomielite, administrada aos 6 meses, deixa de ser oral e passa a ser injetável. A partir de agora, a criança recebe as três primeiras doses do esquema nas mesmas datas de antes – aos 2, 4 e 6 meses de vida – com a vacina inativada poliomielite (VIP) de forma injetável. Já a vacina oral poliomielite (VOP) continua sendo administrada como reforço aos 15 meses, 4 anos e anualmente durante a campanha nacional, para crianças de 1 a 4 anos.
Também haverá mudança da vacina meningocócica C (conjugada), contra meningite causada pelo meningococo C. O reforço, que anteriormente era aplicado aos 15 meses, passa a ser aplicado aos 12 meses, preferencialmente, podendo ser feito até os 4 anos. As primeiras doses da meningocócica continuam sendo realizadas aos 3 e 5 meses.
Por último, o esquema da vacina papiloma vírus humano (HPV) fica com duas doses, sendo que a menina (de 9 a 13 anos) deve receber a segunda seis meses após a primeira, deixando de ser necessária a administração da terceira dose. Isso porque, de acordo com o MS, pesquisas mostram que o esquema com duas doses apresenta uma resposta de anticorpos em meninas equivalente quando comparada com a resposta imune de mulheres (de 15 a 25 anos) que receberam três doses.
O infectologista Kfouri destaca que o Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde é um dos mais completos do mundo, não só pelo número de vacinas que contempla, como também pelo alcance populacional. “Por isso, a migração entre eles (ou seja, vacinar o filho tanto em postos de saúde quanto em clínicas particulares paralelamente) é positiva”, afirma. Seja porque uma vacina está em falta na rede privada ou porque a família quer aumentar a cobertura, oferecendo aquelas ainda não disponíveis nos postos de saúde, por exemplo. Só não vale descuidar as datas!