Meu filho não gosta de mastigar os alimentos: como resolver?


Patrícia Junqueira
por: Patrícia Junqueira

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A dificuldade para mastigar pode ser a razão pela qual a criança recusa certos alimentos (Foto: Freeimages)

Você sabia que, ao contrário da sucção e da deglutição, a mastigação não é um reflexo, e sim algo que se aprende? Seu desenvolvimento acontece gradualmente, à medida que o bebê também se desenvolve. O que muitas mães não sabem, entretanto, é que a dificuldade para mastigar pode ser a razão pela qual a criança recusa certos tipos de comida (isso mesmo!). Mas não precisa se desesperar: como tudo o que a criança aprende nos primeiros anos de vida, a mastigação também depende de muito treino.

E esse treino deve iniciar muito cedo, quando seu filho começa a levar as mãos e objetos à boca. Dica: mordedores e brinquedos com diferentes texturas e formatos, nesse caso, auxiliam no preparo da cavidade oral para receber posteriormente os alimentos. Estimulando o bebê a “explorar” tudo com as mãos e com a boca, você vai ajudá-lo a criar vivências táteis e orais que serão importantes nesse processo. O próximo, e mais importante, passo é oferecer comidas de texturas e consistência variadas (e não somente sopinhas). Pois é dessa forma que ele vai aprender a mastigar e, aos poucos, a aceitar alimentos mais fibrosos à medida que desenvolver os dentes e os músculos faciais.

As primeiras comidinhas

Desde o início da introdução dos primeiros alimentos, a principal recomendação é não liquidificar as papinhas, como era o costume até pouco tempo. Aos poucos, deixe que a criança coma alimentos amassados e com grãos. Assim, até os 2 anos de idade aproximadamente, ela já terá uma mastigação eficaz. Fazer as refeições junto com a criança também auxilia muito nesse aprendizado. Os bebês e as crianças, afinal, aprendem por meio da imitação. Por isso, mastigue junto ou na frente do seu filho!

Algumas crianças, no entanto, tendem a rejeitar preparações mais granulosas e fibrosas. Podem apresentar desde cedo uma pequena resistência a aceitação de alimentos, até a recusa total. Chegam a cuspir, engasgar, vomitar, chorar e parar de comer por medo ou para se proteger do desconforto que sentem ao comer esses alimentos. E têm ainda outra mania que preocupa as mães: lambem o alimento sólido, porém, não o introduzem na boca para mastigar. Insistir, forçar ou distrair o seu filho (com TV, celular e tablet) para comer determinados alimentos que ele não aceita, em vez de solucionar o problema, potencializa a recusa e em alguns casos até gera fobia alimentar.  

O que fazer, então? Se você já tentou mudar esses hábitos (como oferecer só sopinhas e alimentar o bebê com distrações), mas de nada adiantou, sugiro uma avaliação com um fonoaudiólogo especialista em motricidade orofacial, preferencialmente com experiência em alimentação infantil, para que sejam identificadas as causas de tamanha rejeição.

Sensibilidade oral exacerbada, dificuldades na percepção do sabor, alteração na mobilidade da língua, dificuldade na organização do bolo alimentar, além de pouca vivência tátil e oral, por exemplo, podem ser estar por trás das dificuldades da criança para aprender a mastigar e, por consequência, a aceitar alimentos variados. Não faça pouco caso da importância da mastigação, ok? Como falei, esse aprendizado é fundamental para a criança comer, assim como falar corretamente mais adiante. Na dúvida, busque ajuda!

  • Patrícia Junqueira

    Fonoaudióloga há 25 anos e Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana pela Unifesp. Mãe do Felipe e do Tiago, ela idealizou e criou o Instituto de Desenvolvimento Infantil para atuar e divulgar seu olhar integrado para o desenvolvimento e necessidades fonoaudiológicas de bebês e crianças

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