H1N1: tudo o que você precisa saber para proteger a sua família


Malu Echeverria
por: Malu Echeverria

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O vírus da gripe chegou mais cedo esse ano ao Brasil (Foto: CrayonStock)

O registro dos casos de gripe H1N1 antes da época está provocando um alvoroço entre as mães de crianças pequenas e gestantes. “Normalmente, o pico da doença no Sul e Sudoeste do Brasil ocorre em abril, mas esse ano começou mais cedo, em março”, conta a pediatra Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Até agora, de acordo com dados do Ministério da Saúde, 162 pessoas foram registradas com a doença, 157 só no Estado de São Paulo – algumas clínicas particulares chegaram a marcar três horas de fila de espera na capital essa semana. O que levou a secretaria de saúde do estado a antecipar a campanha de vacinação, que está prevista para começar em 30 de abril em todo o país. Em São Paulo, gestantes e crianças poderão ser vacinados a partir do dia 11.

A preocupação tem razão de ser: a influenza (nome científico da gripe) é uma doença grave, que leva a óbito cerca de 500 mil pessoas todos os anos no mundo inteiro. Crianças, idosos e gestantes fazem parte do grupo de risco – no entanto, os casos de morte são mais comuns em pessoas mais velhas, segundo Ballalai. A seguir, confira o bate-papo que tivemos com a especialista, que fez questão de pontuar: “a vacina constitui o melhor método preventivo, sim, e todos devem ser vacinados na medida do possível. Mas não há motivo para pânico. A antecipação da circulação do vírus é um fenômeno raro, porém, não estamos próximos da pandemia que vivemos em 2010”, ressalta.

It Mãe: O vírus da gripe chegou mais cedo, de fato, em 2016?
Isabella Ballalai: Sim. Normalmente, no Norte do Brasil, ele já aparece a partir de dezembro. Já nas regiões Sul e Sudoeste do Brasil, o pico ocorre normalmente em abril, sendo que esse ano foi em março. Mas ainda não sabemos ao certo o motivo. Existem especulações sobre a presença de estrangeiros por causa do Carnaval, no entanto, os turistas aparecem todos os anos. Então, não há nada comprovado ainda.

It Mãe: Por que as crianças estão mais suscetíveis à contaminação?
Isabella Ballalai: Por conta do sistema imunológico ainda em desenvolvimento, elas estão mais suscetíveis a se contaminar e a transmitir o vírus. No adulto, a transmissão ocorre em até sete dias. Já nos pequenos, de dez a 14 dias. Ou seja, mesmo depois que os sintomas desapareceram e que a criança já está bem, ela ainda pode transmitir a doença.

It Mãe: E como podemos nos proteger e proteger nossos filhos contra a gripe?
Isabella Ballalai: A principal medida é a vacinação. Infelizmente, nem todas as pessoas têm acesso à vacina na rede pública (o público alvo da campanha do Ministério da Saúde são crianças maiores de 6 meses e menores de 5 anos, gestantes, idosos, indígenas e doentes crônicos). Mas, se possível, convém vacinar não apenas as crianças, como também as pessoas que cuidam delas, como pais, babás e professores. Além da vacina, os cuidados básicos são: evitar locais fechados e pouco arejados e lavar as mãos com frequência. Na escola, professores e demais cuidadores devem higienizar as mãos com álcool a 70%, já que não é viável lavá-las a todo instante, principalmente após limpar o nariz das crianças. Crianças doentes não devem ir à escola, mas vale reforçar que o contágio pode ocorrer mesmo depois que elas já estejam saudáveis novamente. O uso de luvas e máscaras no dia a dia não resolve.

It Mãe: Qual a diferença da vacina trivalente e tetravalente (ou quadrivalente)?
Isabella Ballalai: O mais importante é que ambas protegem contra o vírus H1N1 (forma mais grave da gripe). A trivalente imuniza contra três tipos de vírus (A/H1N1, A/H3N2 e uma cepa B do vírus). Já a quadrivalente, além desses três tipos, contempla também uma segunda cepa B. Não temos como adivinhar qual tipo irá infectar o paciente, por isso, a SBIm recomenda a vacina quadrivalente. Já na rede pública, a vacina oferecida é a trivalente, que parecer ter o melhor custo-benefício em termos de saúde pública até o momento.

It Mãe: A partir de que idade a criança pode ser vacinada?
Isabella Ballalai: A partir dos 6 meses de idade. No entanto, é preciso observar a bula dos medicamentos antes. As vacinas quadrivalentes disponíveis no Brasil são dos laboratórios GSK e Sanofi. A primeira pode ser aplicada a partir dos 3 anos, enquanto a segunda, que ainda está para chegar, a partir dos 6 meses. O motivo é apenas por uma questão de licença da Anvisa, que só libera os medicamentos quando os mesmos são testados naquela faixa etária a que estarão disponíveis.

It Mãe: A antecipação do vírus causou pânico entre as mães de crianças pequenas e gestantes recentemente…
Isabella Ballalai: No ano passado, de acordo com relatório do Ministério da Saúde, ocorreram 1.400 óbitos relacionados à gripe no Brasil (dados referentes até a semana 42). Ou seja, de fato, trata-se de uma doença grave. Mas vale reforçar que, embora a taxa de hospitalização seja alta entre as crianças, os óbitos são mais comuns entre idosos. Temos de nos imunizar anualmente, pois a vacina protege por apenas doze meses. Mas não estamos falando de um vírus novo, do qual nada sabemos, e os números estão distantes da pandemia mundial de 2010. Por isso, é preciso manter a calma.

  • Malu Echeverria

    Jornalista, mãe do Gael e redatora-chefe do It Mãe. Para ela, é essencial colocar a máscara de oxigênio primeiro na gente, depois na criança

Data da postagem: 30 de março de 2016

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