Flúor na pasta dos pequenos: tem que ter


Dr. Gabriel Politano
por: Dr. Gabriel Politano

Diálogo entre Odontopediatra e a mãe de uma criança de 1 ano:

Odontopediatra: “A senhora está usando pasta de dentes com flúor em seu filho?

Mãe: Flúor??? Mas não é perigoso nessa idade??? Ele engole tudo o que eu coloco!

 

Esse diálogo é praticamente padrão em nosso consultório nos dias de hoje. Por isso é fundamental que a mãe entenda qual a filosofia atual para o uso do flúor e os motivos que o tornam seguros se usados da forma correta, mesmo que desde o primeiro dentinho. Desde a década de 80, quando o flúor foi adicionado às pastas de dente no Brasil, o índice de cárie diminuiu bastante. Isso prova a eficiência desse componente na prevenção da doença.

 

Como o flúor funciona?

Simples. A cárie acontece quando o pH da placa bacteriana fica muito ácido, após ingestão de carboidratos, por exemplo. Nesse caso, o dente começa a dissolver, fato que você só enxergará se o problema da acidez for mantido por vários dias seguidos. O flúor, quando presente na boca constantemente, diminui muito o risco dessa dissolução.

 

Ele pode ser engolido por crianças?

O flúor é uma substância que pode ser considerada como um medicamento. Como qualquer medicamento, ele pode ser um remédio ou um veneno, na dependência da dose. Essa dose, em crianças, é estabelecida pelo peso. Por isso, toda criança pode engolir flúor na dependência do peso. E engole……mesmo que você não use pasta de dentes fluoretada, já que a substância está presente na água e em diversos alimentos.

 

Mas quanto pode ser engolido?

Aí que vem a importância do calculo que foi realizado por pesquisadores. A dose de flúor perigosa para ingestão é conhecida. Ou seja, tanto a quantidade que mancharia os dentes permanentes, quanto a dose letal é estimada através de cálculos simples.

 

Mas qual a concentração de flúor necessária na pasta?

Essa pergunta é excelente já que o Brasil permitiu que fabricantes produzissem pastas fluoretadas com as mais variadas concentrações de flúor, o que confunde os pais. Como exemplo, saiba que você encontra, nas farmácias brasileiras, pastas infantis sem flúor, com 550ppm, 750ppm e 1100ppm. Já nos EUA, por exemplo, se a pasta tiver flúor, precisa conter mais de 1000ppm de flúor. E isso é o correto, já que, pelas pesquisas atuais, é só assim que ele funciona.

 

Nossa!!! E agora? O que fazer aqui no Brasil?

Faça de conta que só existem pastas infantis com 1100ppm de flúor. Não se assuste porque TODAS essas pastas, no Brasil, estão recomendadas pelo fabricante somente acima de 6 anos de idade. Mas isso não é verdade. Ao invés de evitar o flúor nessa concentração, diminua a quantidade de pasta, o que trás a mesma segurança. Isso é a recomendação atual de diversas Associações de Odontopediatria e Pediatria brasileiras e internacionais. Mas, infelizmente, muitos dentistas ainda estão desatualizados.

 

A partir de quando e qual a quantidade de pasta devo usar para não ter risco, caso meu filho engula tudo?

 

Resumidamente, faça o seguinte, 2x ao dia:

 

– A partir do 1o dentinho até 3 anos de idade: Pasta de dentes acima de 1000ppm de flúor, na quantidade de um grão de arroz. É comum encontrarmos pasta com 1100ppm, no Brasil.

 

– Entre 3 e 6 anos: Pasta de dentes acima de 1000ppm de flúor, na quantidade de um grão de ervilha.

 

Agradeço pela leitura e espero ter ajudado a sanar uma dúvida super comum e que tanto preocupa os pais no momento.

 

Até a próxima.

 

Dr. Gabriel Politano

Ateliê Oral Kids

  • Dr. Gabriel Politano

    Responsável pelo Ateliê Oral Kids, especialista e Mestre em Odontopediatria e doutor em Obstetrícia – FCM/UNICAMP, é pai de Fábio, 4 anos, e Caio, 2

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