Como (e por que) redobrar a proteção solar do seu filho no verão
Para crianças de até 2 anos, a recomendação são os filtros inorgânicos, que formam uma barreira de proteção na pele (Foto: Freeimages)
Na praia, na piscina, no parque, passar protetor solar é obrigatório. Não tem negociação! É assim na sua casa? Pois, deveria: a exposição solar no início da vida tem impacto crucial no surgimento do câncer de pele. Sim, histórico de queimadura solar na infância, com vermelhidão, bolhas e descascado, tem relação direta com o aumento do risco ao desenvolvimento de melanoma na idade adulta, o tipo de câncer de pele mais agressivo e perigoso.
Alerta feito (e entendido!), toda mãe sabe bem o drama que é espalhar o filtro solar nas crianças. Mela, incomoda, escorre para o olho e, mais do que tudo, atrapalha a brincadeira. Dá para facilitar a vida? Claro que sim! Dá para proteger ainda mais as crianças? Também! Apostar no filtro solar ideal para os pequenos e saber a melhor forma de utilizá-lo, entre outras recomendações, são medidas fundamentais para curtir o sol em família com responsabilidade, mas sem neura! Entenda tudo aqui!
1) O filtro solar certo
De acordo com o Consenso Brasileiro de Fotoproteção, elaborado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, bebês com menos de 6 meses não podem usar qualquer tipo de filtro solar. Aliás, não podem ficar expostos diretamente ao sol, especialmente entre 10 e 15 horas. “Para as crianças até 2 anos, recomenda-se o uso dos produtos compostos por filtros inorgânicos, que formam uma barreira sobre a pele, refletindo a radiação”, diz a dermatologista Sylvia Ypiranga, de São Paulo. Geralmente, os protetores com a indicação “infantil” na embalagem já são os inorgânicos (aqueles que deixam o corpo mais esbranquiçado). Mas você pode procurar por ativos como óxido de ferro e óxido de zinco no rótulo. Após os 2 anos, já é possível usar os filtros mistos, orgânicos e inorgânicos, que têm amplo espectro contra raios UVB e UVA e, por isso, costumam garantir maior fator de proteção.
2) O melhor formato
Se na nossa infância havia pouquíssima variedade de filtro solar, hoje a realidade é outra. Existem produtos de diversas texturas e formas de aplicação – ainda bem! Mas qual usar? Produtos em creme e bastões são os recomendados para as crianças no Consenso de Fotoproteção. O bastão é ótimo para ser aplicado no rosto: é prático, rápido e não escorre para o olho depois de molhado. Também resiste bem na água. No corpo, a primeira aplicação deve ser sempre feita com um protetor em creme, respeitando a regrinha dos 15 minutos antes de se expor ao sol. Não se esqueça do dorso dos pés e das mãos, das orelhas (e atrás delas) e da risca no couro cabeludo, no caso das meninas.
A quantidade também influencia: há estudos que comprovam que o FPS cai pela metade se você usar pouco produto (um FPS 30 vai valer como um FPS 15, por exemplo). Não economize! “O filtro solar em spray é uma boa pedida para a reaplicação no corpo”, sugere Sylvia Ypiranga. É nesta hora que os pequenos já estão “à milanesa” (o que dificulta espalhar um protetor em creme) e imersos na brincadeira. Três ou quatro borrifadas e problema resolvido.
3) Aliados importantes
Por melhor que seja o produto, por mais cuidado que a gente tome para garantir uma aplicação uniforme, nenhum filtro solar barra 100% da radiação UVA e UVB (a Anvisa até proibiu termos como “bloqueador solar” na embalagem, que davam a impressão de segurança total). É por isso que precisamos recorrer à proteção mecânica: sombra natural, guarda-sol, chapéu e camiseta. O bom chapéu tem aba maior ou circular, para proteger couro cabeludo, nuca e colo, de tecido mais grosso e cor escura. As camisetas de lycra já pegaram entre as crianças. São práticas e salvam o dia quando os pequenos estão cheios de areia ou quando não damos conta do chilique para a reaplicar o filtro solar. A proteção oferecida pelas roupas é garantida pelo próprio tecido da camiseta ou por ativos introduzidos na fabricação do fio. Agências internacionais utilizam métodos para quantificar a proteção nas roupas (chamado de FPU), mas ainda não há uma legislação brasileira que regulamente isso. Na dúvida, fique com peças de marcas conhecidas, que procuram comprovar a existência do FPU no produto, ou roupas com tecidos mais escuros, tramas mais apertadas e fios sintéticos.
Todas essas informações nos ajudam a ensinar aos pequenos a importância de se usar filtro solar. Ao contrário da nossa geração, nossos filhos já nasceram passando protetor. “As crianças são mais receptivas do que os adultos”, acredita a dermatologista Sylvia Ypiranga. É como educação alimentar: o hábito se estabelece desde cedo. Vamos persistir!