Mães e pais e a tarefa de deixar os filhos crescerem


Lêda Zoéga Parolo
por: Lêda Zoéga Parolo
Psicóloga clínica com foco na psicologia positiva aliada à tradicional

Nossa função como mães (e pais) é motivar os filhos nessas conquistas, sempre por perto, orientando, fazendo junto, passando quais são os limites, explicando o por quê do “não” que muitas vezes a gente tem que dizer (foto: 123TRF)

Para muitos de nós, pais, é difícil ver que aquele nosso bebê cresceu, e que ele pode – e precisa – aprender a ter autonomia. A nossa vontade de proporcionar e facilitar as coisas faz com que a gente se antecipe e tome a frente de tarefas e atividades que eles já podem fazer sozinhos. A vontade de mimar é grande, não é?

Deixar seu filho experimentar, fazer escolhas, e até errar e se frustrar, faz com que ele se desenvolva cognitiva e emocionalmente. Crianças autônomas serão adultos mais confiantes. É isso que queremos para eles! Mas o que fazer com nosso sentimento de culpa por não deixar tudo à mão, de não protegê-los o máximo que podemos?

Acredito que essa sensação possa ser diminuída quando você tem consciência de que está fazendo o melhor que pode para ajudá-lo a crescer, a ser uma pessoa que possa fazer suas escolhas, a lidar com as perdas, a se colocar frente às situações de forma construtiva, a assumir as responsabilidades e os compromissos na vida.

Muitos pais sentem-se perdidos nessa difícil tarefa de crescimento dos filhos, pois querem protegê-los das consequências de suas escolhas. Junto vem um medo de serem “abandonados” por eles, a sensação de não mais serem necessários. Essa transição é um crescimento para nós, pais, também.

O resultado é que quando aprende a fazer por si mesma, a criança se sente feliz, descobre que é capaz de fazer, de conquistar. Vê que seu esforço e sua persistência proporcionam uma sensação de bem-estar. Ensinar seu filho a ter autonomia é permitir que ele vá atrás de seus sonhos, metas, projetos.

Como, então, ajudá-lo nesse processo, que é gradual, mas necessário?

Temos várias oportunidades no dia-a-dia para incentivar essa autonomia, de acordo com a idade, começando com tarefas cotidianas como levar o prato para a pia e escolher a roupa, escolher a roupa após o banho, pegar um copo d’agua… Permita que ajude na cozinha, que escolha suas roupas… E também incentive-o a falar de seus sonhos, a escolher o restaurante do almoço, a falar com você sobre erros e acertos e… escute de verdade. É escutando o que ele tem a dizer, respeitando os limites dele, compreendendo suas reações de forma empática, fazendo acordos que você desenvolve essa autonomia e autoconfiança.

Nossa função como mães (e pais) é motivá-lo nessas conquistas, sempre por perto, orientando, fazendo junto, passando quais são os limites, explicando o por quê do “não” que muitas vezes a gente tem que dizer. Explique também que não fazer automaticamente tudo para ele é ajudá-lo a conquistar as coisas, não é abandoná-lo.

Um filho com autonomia não vai abandonar a mãe ou família – é essa ideia que precisa ser mudada. Sendo autônomo, seu filho poderá estar mais junto dos pais, com a sensação de pertencimento, participando mais ativamente do dia-a-dia, mais seguro e confiante nas suas decisões e metas. Dar autonomia não nos transforma em pais ruins, pelo contrário. Você participa ativamente da vida dele e dá a oportunidade para que cresça e seja feliz.

 

  • Lêda Zoéga Parolo

    Psicóloga clínica e mãe de Caio, tem foco na psicologia positiva aliada à psicologia tradicional. Com grande experiência na área clínica, atende crianças, adolescentes e adultos.

Data da postagem: 20 de fevereiro de 2019

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